Tiro ao alvo
Adriana Monteiro de Barros
Abro a janela
Cai o pano
Atiram flechas
Sou o alvo.
Sou a flecha fincada no buraco negro do alvo
Sou a flecha fincada no peito do alvo
Sou a flecha fincada e mirada no buraco do peito
Sou a flecha. Sou o alvo
.Atirem! Atirem! Covardes!
Que não irei reagir
Perdi a coragem arqueada do suicídio
Que ele vá pra longe
Que ele seja o alvo de outras flechas fincadas em meu corpo.
Sou flecha andarilha
Sou a flecha que atinge o ápice do alfabeto
Sou a linguagem pura e sem dialética
Sou o alvo da palavra.
Sou a palavra atingida
Sou arco de palavras e não de flechas
Mas me disfarço em língua afiada
E me retiro quando não há mais silêncio ou palavras.
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